Marco Feliciano, Daniela Mercury e as coisas que não importam

É impressão minha ou as pessoas estão dando muito valor a coisas desimportantes? Porque, pra mim, isso tudo é pouco importante.

Explico:

Existe algum tipo de incômodo nas pessoas quando se trata da sexualidade dos outros. Acho que é falta de conhecimento, medo deste desconhecido (ainda vou fazer uma tese sobre o medo do desconhecido que as pessoas tem: do escuro, da morte, etc), e excesso de valorização do que dizem algumas instituições religiosas.

Acho que ainda não comentei sobre o Marco Feliciano. Não vou perder muito tempo a respeito desta pessoa, mas acredito que Marco Feliciano representa muita gente neste país. Talvez não represente as minorias de sua comissão, mas o fato é que existe uma quantidade enorme de pessoas no Brasil que pensa como ele, age como ele e repete o mesmo discurso dele. O debate que a presença dele causa na sociedade é bastante útil – sim, é preciso debater tudo isso por muito tempo – mas isso não o isenta de ter feito muita estupidez.

Certa vez, ele disse que tem ascendência africana e usou seu cabelo como “exemplo” dos traços (algo como: “olha o meu cabelo”), em uma atitude no mínimo nojenta e com um racismo arraigado e implícito tão grande quanto o de qualquer outra pessoa que fez isso na vida. Ele também, assim como a maioria dos deputados, se esquece de um preceito básico de nossa Constituição: o estado é LAICO.

Não entendo as pessoas que se utilizam de preceitos religiosos para formular leis. E há algo de muito errado em uma sociedade que ainda acredita que a “família tradicional papai-mamãe-filhinhos” é a melhor coisa para o país, quando há milhares de mulheres sendo espancadas por seus maridos todos os dias, crianças sendo abandonadas e jovens de famílias ricas e tradicionais (leia-se: papai-mamãe-filhinho ricos) cometendo atrocidades por aí (como beber, dirigir, atropelar, etc).

Então, chegamos na Daniela Mercury – na verdade, não chegamos, mas eu pulei para esta parte. A cantora assumiu um relacionamento homo afetivo recentemente. Fiquei sabendo disso hoje, e só então entendi a piadinha do Rafinha Bastos com o hotel. Aí eu me pergunto: POR QUE raios as pessoas se incomodam tanto com isso? O que um relacionamento pessoal da cantora vai mudar na sua vida?

As pessoas estão dando pouca importância ou que não é importante. Pra mim, a notícia de que Daniela Mercury namora uma mulher é tão importante quanto a notícia sobre a “dieta da atriz Carla Daniel” (acabei de ver isso no Ego, só para encontrar um exemplo). É meio esquisito que as pessoas se incomodam mais com a Daniela Mercury (que nem estava tão presente “na mídia”, embora seja uma das maiores cantoras do país) do que com a iminente guerra entre as Coreias (do sul e do norte), por exemplo. Se houver guerra, isso vai mudar nossas vidas.

Este texto não tem fim. Termino com a preguiça de dissertar mais sobre isso. Vou me preocupar com coisas mais importantes. Nem sei se eu expliquei.

5 comentários em “Marco Feliciano, Daniela Mercury e as coisas que não importam

  1. Pedro disse:

    Não te importa porque não te atinge. por isso que a comissão é dos DIREITOS HUMANOS e das MINORIAS, porque se dependesse da boa vontade da maioria não atingida os direitos humanos ia pro beleléu.

    • Daniel Cury disse:

      Pedro, eu disse que não me importo com a sexualidade das outras pessoas. Não me importo com a crença das outras pessoas. Não me importo com os relacionamentos da Daniela Mercury (o importante é que ela seja feliz, certo?).
      Imagino que minha posição tenha ficado clara no texto…

  2. André San disse:

    Concordo que o fato de Daniela Mercury namorar quem quer que seja (homem, mulher, papagaio, árvore, pokémons…) não deveria ser uma notícia assim tão bombástica. No entanto, a sociedade, de uma maneira geral, ainda não está pronta para encarar essa questão com a naturalidade que deveria ser. Mas vamos combinar? Falar da vida sexual dos outros, sejam homo ou hetero, sempre vai gerar fofoca. Ainda há muito tabu em torno do sexo. É triste, mas é verdade. Sonho com o dia em que as pessoas vão perceber o quão cafona é discutir com quem fulano ou sicrano dorme…
    André San – http://www.tele-visao.zip.net

  3. Cara, Dani vc falou tudo q eu penso. Exatamente tudo. Qual a relevância pra gente de cuidar da vida de quem é homosexual? Deixa o povo ser feliz. Deixa eles casarem. O q cada um faz dentro de 4 paredes é problema exclusivamente de cada um.
    Outra coisa q vc falou bonito é q o estado é Laico cara, eu nao acredito nesse povo maluco q fica fazendo projeto de lei com cunho religioso…é mto absurdo, e só podia acontecer aqui nesse pandemônio q é a nossa política.

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